A Talassemia é um distúrbio hereditário caracterizado pela ausência ou decréscimo acentuado da síntesede uma…
Sua ressonância magnética T2* está em dia?
Parceria entre Abrasta e Radiologia Clínica de Campinas possibilita a realização, gratuita, do exame
Por Tatiane Mota
Portadores de talassemia, além das transfusões de sangue periódicas e uso dos quelantes de ferro, também precisam incluir na rotina o exame de ressonância magnética T2*. Isso porque este é ainda o único método capaz de medir, de forma quantitativa, não evasiva e com alta precisão, a concentração do ferro em diversos órgãos.
Quando comparada a uma ressonância magnética “comum”, a diferença é que para o método T2* é preciso um software que a capacita para adquirir as imagens específicas. É o que explica o Dr. Juliano Lara Fernandes, coordenador do setor de Tomografia e Ressonância Cardiovascular da Radiologia Clínica de Campinas e membro do Comitê Médico da Abrasta.
“O T2* é um valor numérico que este hardware específico traz, a partir da ressonância magnética. Atualmente, qualquer ressonância nos últimos 15 anos tem esta tecnologia. Para ser capacitada a fazer a análise quantitativa do ferro, depende apenas de ter sido adquirido o pacote de software para esta aquisição das imagens, que, num segundo passo fora da máquina, é interpretado e avaliado. Mas, essencialmente, o exame T2* é simples e de rotina, não necessitando nem de contraste”, comenta o especialista.
Porque fazer a ressonância magnética T2*?
Como vimos, ela é a técnica que mostrará como estão os órgãos do paciente e se há a presença de ferro.
“Este exame nos ajuda a entender como está a saúde do paciente e permite que o especialista possa ajustar o manejo terapêutico de forma mais precisa, como um mapa de onde caminhar no escuro. Sem o T2*, a chance de individualização do tratamento fica mais complexa e menos otimizada. Por isso, para os portadores de talassemia maior, é muito importante seguir a frequência da realização da ressonância magnética, indicada pelo médico responsável”, diz o Dr. Juliano.
Na talassemia intermediária, em que o paciente precisa realizar transfusões de sangue, o T2* também é indicado. A frequência de repetição, neste caso, usualmente pode ser menor, a depender da manifestação clínica e grau da doença.
Hoje, a grande maioria das diretrizes sobre o tratamento quelante usam os valores do T2*/LIC/MIC (que são intercambiáveis) para a determinação de doses, mudanças terapêuticas, tipos de medicamentos.
Quando começar?
Portadores da talassemia maior, tipo mais grave, caso o paciente não esteja usando os quelantes – ou usando-os de forma irregular – é importante que o T2* passe a ser realizado a partir dos sete anos de idade.
“No paciente que tem sua quelação regular, pode esperar a partir dos dez anos. Entretanto, em caso de dúvida médica, o exame pode ser realizado até mesmo antes dos sete anos. Hoje já existem técnicas que não exigem pausas respiratórias e simplificaram o exame. Idealmente, o T2* deve ser repetido anualmente, sendo o intervalo ideal entre 6 e 24 meses, dependendo da situação clínica ou mudanças terapêuticas particulares”, ressalta o especialista.
E quando não fazer?
Bem, de acordo com o Dr. Juliano, a única contraindicação é se o paciente tem algum dispositivo ou material implantado, que não permitam a realização do exame. São eles: marca-passos, clips de aneurismas, implantes cocleares, entre outros.
“Como não há injeção de contraste, do ponto de vista farmacológico, não há restrição alguma. Mesmo marca-passo, antes considerado absolutamente contraindicado, hoje é permitido na grande parte dos novos dispositivos, e mesmo em casos de aparelhos antigos. Mas, claro, é necessária uma avaliação médica. E lembrando que não são contraindicações as próteses ortopédicas, tatuagens, piercings, fios cirúrgicos, stents, próteses vasculares”, complementa.
Faça seu exame T2*, totalmente gratuito
A Abrasta e a Radiologia Clínica de Campinas (RCC) têm uma parceria que permite, aos portadores de talassemia maior e intermediária, realizar o exame de forma totalmente gratuita. Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) não disponibiliza esta técnica aos pacientes.
Uma vez por ano, acontece o “mutirão da ressonância magnética T2*” e a equipe de Apoio ao Paciente da associação faz a seleção daqueles que irão participar. As vagas são limitadas.
Por conta da pandemia causada pela COVID-19, ainda não há uma data definida para o próximo mutirão. Mas fique atento aos canais de comunicação da Abrasta, que em breve traremos novos detalhes.