Porque o paciente com Talassemia pode requerer acompanhamento psicológico
A travessia a partir do diagnóstico, seja para a pessoa com talassemia e quem o acompanha, é algo pessoal e sentido de forma única e particular. Entretanto, ao pensar que a nova realidade que se apresenta é algo não esperado e que pode trazer a idéia de ruptura do mundo presumido (em que é conhecido, esperado e seguro), levanta-se a possibilidade de emoções ambivalentes (ora de tristeza – alegria, medo-coragem, por exemplo) que impactam nas ações de enfrentamento, cuidado e adaptação. A partir deste novo mundo algumas mudanças nas diversas esferas da vida (biológico, psicológico, social e espiritual) se fazem presentes.
No diagnóstico, os pais, por exemplo, podem sentir necessidade de uma orientação, pois não é fácil lidar com uma doença crônica, que exige bastante da criança e da família. A pessoa com talassemia, por sua vez, também pode necessitar de ajuda para compreender e saber lidar, seja com superproteção dos pais, entrada na adolescência, formação da sua identidade, necessidade de socialização (estar com amigos) ou dificuldades com alguns aspectos da talassemia, como o tratamento.
E além de tudo isso, podem ser somados problemas em relação ao colégio, estudos, relacionamentos afetivos, mercado de trabalho e com qualquer outra situação que muitas vezes surgem em suas vidas.
Diante disso, uma rede de profissionais especializados pode contribuir com esta saúde global e qualidade de vida, como o psicólogo (a).
A organização Mundial da Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo da sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, ou seja, as condições básicas e suplementares para se viver. Embora tenha esta e outras definições, ainda não existe uma que seja amplamente aceita, uma vez que é algo subjetivo (do significado que cada pessoa tem e de sua experiência de vida) e que traz outros elementos importantes da vida das pessoas como: trabalho, família, amigos e outras circunstâncias do cotidiano.
Então, com uma escuta qualificada, o psicólogo poderá acolher as necessidades emocionais e juntos caminharem próximo a estratégias de enfrentamento e desenvolvimento/resgate de recursos para adaptação, promoção de bem estar e desta qualidade de vida. Abaixo seguem as áreas de alcance de cuidado que esta especialidade pode contribuir:
Intrapsíquica (mental/emocional)
Acolher sintomas como ansiedade, depressão, medo, raiva, insegurança, perdas, desespero, mudanças de humor e esperança.
Social
No comportamento de possível isolamento, estigma, mudança na rotina e vínculos (por exemplo, trabalho ou estudos), perda de controle e às vezes alterações funcionais que podem levar a perda da independência e/ou autonomia.
Biológico (corpo)
Processo da doença, tratamentos, dor, efeitos colaterais, seqüelas e relacionamento/comunicação com a equipe e/ou família.
Este suporte emocional, para todos que estão nesta travessia, ajuda a expressão dos sentimentos, compreendendo a história de vida, as dificuldades do momento vivido, percepção das situações que mobilizam emocionalmente e assim, levantar e explorar estratégias para lidar da melhor maneira com as mudanças e possíveis limitações impostas pelo adoecimento e sua jornada.
O atendimento psicológico para pessoas com talassemia maior e intermediária e seus familiares pode ser procurado em qualquer momento.
É importante que a pessoa reconheça quando está passando por um momento difícil e que tenha a iniciativa de buscar ajuda de um profissional especializado para lidar com todas essas questões. Com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, é possível alcançar uma travessia digna.
A Abrasta oferece apoio psicológico gratuito.
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